Vivemos uma era em que a forma de criar, distribuir e capturar valor digital foi completamente redefinida. No Brasil, a API Economy não funciona apenas como um conector técnico, mas como um verdadeiro motor de inovação e parceria. Empresas e bancos estão se apoiando em interfaces abertas para acelerar soluções, expandir mercados e oferecer experiências personalizadas aos clientes.
Este movimento marca uma transformação fundamental na forma como o valor é gerado e compartilhado, ultrapassando a simples troca de dados e consolidando-se como um pilar estratégico para o futuro.
As Application Programming Interfaces deixaram de ser meros projetos de TI com prazo de término para se tornarem ativos estratégicos que definem o sucesso e fracasso de organizações. Elas agora contam com proprietários dedicados, roadmaps bem definidos e métricas que acompanham o impacto no negócio. Nesse novo ambiente, é essencial adotar uma mentalidade de produto, priorizando a segurança, a governança e o desempenho.
A consciência sobre esse fenômeno surge da necessidade de construir ecossistemas robustos, onde ideias possam se materializar rapidamente e se conectar a múltiplos parceiros por meio de APIs padronizadas.
Quatro grandes forças têm impulsionado a adoção acelerada da API Economy no setor financeiro:
Esses vetores combinados criaram uma atmosfera de urgência e inovação, onde cada instituição busca se diferenciar por meio da qualidade das APIs oferecidas.
O segmento bancário brasileiro lidera a implementação de APIs, impulsionado pela regulamentação do Open Finance. Essa iniciativa ganhou tração rapidamente, transformando a obrigatoriedade em uma vantagem competitiva sustentável que amplia a capacidade de criar soluções conjuntas com fintechs e outros fornecedores de serviços.
Os números são expressivos: 2 milhões de novos usuários por mês, quase sete vezes a marca do Reino Unido; 28% de penetração entre a população bancarizada que compartilha dados; 589 mil empresas conectadas em abril de 2025, ante 239 mil em abril de 2024.
Além disso, a intensidade de uso de dados no ecossistema mostra 12 acessos diários por cliente, quase três vezes o uso médio no Reino Unido, comprovando a integração efetiva das APIs nos processos cotidianos das instituições.
O mobile banking alcançou maturidade, possibilitando autonomia e agilidade para os usuários. No último ano, o Brasil registrou 208,2 bilhões de transações bancárias, reflexo de um comportamento cada vez mais digital. A conexão constante com smartphones permite que decisões financeiras sejam tomadas em tempo real, em qualquer lugar, com máxima segurança.
Para dar suporte a esse ecossistema, os bancos planejam reforçar os investimentos em tecnologia. Até 2025, o orçamento destinado à TI deve alcançar R$ 47,8 bilhões, crescendo em dois dígitos e promovendo base tecnológica robusta que impulsione a escalabilidade das operações.
Essa alocação de recursos reflete o compromisso com inovação contínua, automação e aprimoramento da experiência do cliente, garantindo competitividade em um mercado em transformação.
A jornada de adoção de APIs revela diferenças entre os bancos. Enquanto 20% já estão totalmente preparados com plataformas integradas, 80% ainda operam em estágios iniciais ou intermediários. A colaboração com fintechs se destaca como alavanca de inovação: 85% dos bancos integram soluções de startups, enquanto 12% resistem a mudanças, mantendo estruturas tradicionais.
Esses indicadores ilustram o quanto os processos internos e a experiência do cliente se beneficiam da maturidade digital alcançada.
Para capturar valor, as instituições experimentam diferentes estratégias:
O verdadeiro diferencial, porém, pode residir no benefício indireto de parcerias estratégicas, que potencializam a oferta principal e viabilizam a entrada em novos segmentos de mercado.
A concentração de tráfego em poucas APIs evidencia desafios de diversificação. Das doze APIs de produtos, cinco respondem por menos de 1% das chamadas, enquanto metade das requisições se concentra em conta e cartão de crédito. As APIs de investimento, mesmo crescendo acima da média, têm 73% de uso em renda fixa e representam apenas 16% do total de acessos.
Além disso, 20% das reclamações de pessoas jurídicas remetem à falta de integração de seus bancos no ecossistema, quase o dobro da média geral, sinalizando oportunidades para inclusão e expansão de serviços.
Com a API Economy, a superfície de ataque para as organizações brasileiras expandiu-se, elevando a segurança ao patamar de prioridade máxima. Proteger essas interfaces requer políticas de acesso, monitoramento em tempo real e frameworks robustos que garantam confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados.
Adotar práticas como autenticação forte, validação de parâmetros e criptografia end-to-end é fundamental para manter a confiança dos parceiros e dos clientes.
Em resumo, a API Economy no Brasil é uma jornada de transformação contínua. Somente as instituições que abraçarem a mentalidade de produto, investirem em parcerias e garantirem segurança poderão tirar pleno proveito dessa revolução digital.
Ao aproveitar o poder das APIs, empresas e bancos não estão apenas adotando tecnologia, mas reinventando a forma como criam valor e fortalecem relacionamentos. O momento de agir é agora: construir pontes digitais e liderar a era da colaboração.
Referências