No cenário atual, o setor financeiro tem a oportunidade e a responsabilidade de direcionar recursos para projetos que protejam o meio ambiente e promovam justiça social. Os produtos e serviços financeiros que consideram fatores ambientais estão no centro dessa transformação. Mas afinal, o que são as finanças verdes e por que elas importam para nosso futuro?
As finanças verdes representam um conjunto de práticas bancárias e de investimento que buscam harmonizar o retorno financeiro com a preservação dos recursos naturais. Elas atuam como um elo entre o capital financeiro e o desenvolvimento sustentável, estimulando negócios que reduzem emissões de carbono, protegem a biodiversidade e promovem a economia circular.
Em essência, bancos verdes oferecem linhas de crédito, investimentos e seguros para empreendimentos voltados a tecnologias limpas, eficiência energética, gestão de resíduos e outras iniciativas de baixo impacto. Ao adotar essas soluções, as instituições financeiras contribuem para o avanço de setores estratégicos na luta contra as mudanças climáticas.
Nos últimos anos, o mercado brasileiro de finanças verdes apresentou crescimento significativo, refletindo a conscientização crescente sobre riscos climáticos e oportunidades sustentáveis. O volume de crédito direcionado a setores da economia verde saltou de R$ 123 milhões em 2013 para R$ 412 milhões em 2017, chegando a representar 20,8% dos financiamentos para pessoas jurídicas em 2018.
Para ilustrar esse avanço, veja abaixo alguns dados chave:
Instituições como o Itaú Unibanco comprometeram-se a destinar até R$ 266 bilhões para negócios da economia sustentável, evidenciando investimentos ambientalmente responsáveis em larga escala.
Entre os principais mecanismos de financiamento sustentável, destacam-se:
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou, em 2021, seu Sustainability Bond Framework, emitindo green bonds no mercado internacional e Letras Financeiras Verdes no mercado doméstico. Bancos franceses, por sua vez, oferecem plataformas de financiamento coletivo, como a Lumo do Société Générale.
Embora 94% das instituições financeiras reconheçam a sustentabilidade como prioridade estratégica, muitas ainda carecem de políticas claras para operacionalizar essa visão. A principal fonte de emissões relacionadas a um banco provém das atividades financiadas, conhecidas como “impacto financiável”.
Para mitigar esses impactos, as instituições adotam as seguintes práticas:
Essas ações geram impactos positivos diretos, como aumento de empregos e geração de energia limpa, bem como impactos indiretos, como a conscientização de toda a cadeia produtiva.
Em 1º de janeiro de 2027, entra em vigor a resolução do Conselho Monetário Nacional que exige o registro detalhado de ativos e passivos de sustentabilidade nos balanços bancários. Os ativos de sustentabilidade incluem créditos de carbono e permissões de emissão, enquanto os passivos englobam compromissos de neutralizar emissões futuras.
A norma visa garantir tratamento contábil mais uniforme, aumentar a transparência e alinhar-se a padrões internacionais, como o OCPC 10.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta obstáculos, como:
Por outro lado, oportunidades emergem em áreas como economia circular, fintechs verdes e soluções baseadas em blockchain para rastreamento de cadeias sustentáveis.
Cada cidadão, empresa e investidor pode contribuir para ampliar o alcance das finanças verdes:
Ao integrar essas práticas, criamos um ciclo virtuoso: quanto mais recursos direcionados a soluções sustentáveis, maior será a escala de inovações ecológicas e a resiliência das economias.
O futuro dos Bancos Verdes depende de uma aliança entre setor público, iniciativa privada e sociedade civil. Juntos, podemos construir um sistema financeiro que não apenas gere lucro, mas também promova saúde planetária, equidade social e prosperidade compartilhada.
Assuma sua parte nessa mudança e faça escolhas financeiras que reflitam o mundo que você deseja deixar para as próximas gerações.
Referências