Em meio a transformações tecnológicas rápidas, o setor bancário passa por uma metamorfose profunda e quase imperceptível. O advento do blockchain vai além do universo das criptomoedas, trazendo ganhos de eficiência, segurança e transparência que prometem redesenhar a forma como conduzimos nossas finanças.
Grandes instituições internacionais, como JPMorgan, HSBC e Citi, já investem em soluções de pagamentos em tempo real, tokenização de ativos e custódia digital. Em 2025, mudanças regulatórias nos Estados Unidos liberaram bancos para atuar em criptomoedas sem aprovação prévia, acelerando a adoção de sistemas baseados em DLT.
Essa movimentação reforça velocidade recorde de liquidação e transparência incomparável nas transações, posicionando o blockchain como pilar estratégico para o futuro financeiro global.
No cenário nacional, entre julho de 2024 e junho de 2025, o volume movimentado em criptoativos atingiu US$ 318,8 bilhões, representando um salto de 109,9% em relação ao período anterior. O país lidera a América Latina e está entre os cinco líderes globais em adoção cripto, segundo a Chainalysis.
Mais de 90% desses fluxos relacionam-se a stablecoins, destacando seu papel como ponte estável para pagamentos internacionais. Além disso, o Brasil lidera em compras fiat-cripto com moeda local, evidenciando a maturidade do mercado.
Para 2025, bancos brasileiros reservam R$ 47,8 bilhões em tecnologia, um crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Esse orçamento prioriza inteligência artificial, automação e infraestrutura robusta, criando as bases para inovações financeiras sustentáveis.
O foco em dados e personalização reflete compromisso com experiência do cliente. Ao integrar AI e blockchain, as instituições vislumbram processos automatizados de análise de risco e ofertas sob medida.
O Grupo de Trabalho Blockchain da Febraban, desde 2016, une 18 instituições, incluindo os cinco maiores bancos, BNDES e Banco Central. Em sua primeira fase, apresentou um protótipo no Ciab Febraban para compartilhar informações de segurança de dispositivos móveis.
Além do GT Blockchain, destacam-se projetos como o Sistema Financeiro Digital (SFD), parceria entre BB, CEF e Sicoob, que usa rede permissionada para liquidação descentralizada. Outro exemplo é o case SBP, que reduziu de oito dias para quase instante o registro de poderes corporativos.
Esses pilotos demonstram ganhos práticos em agilidade e redução de custos operacionais, reforçando o potencial transformador dessa tecnologia.
Apesar dos avanços, a adoção do blockchain no Brasil ainda avança em ritmo moderado. A ausência de uma legislação abrangente e a necessidade de padronização regulatória representam entraves para implementações em larga escala.
Entretanto, o mercado mostra alto grau de maturidade: 83% das empresas cripto têm profundo domínio técnico em soluções DLT, enquanto apenas 3% desconhecem o tema. O horizonte de consolidação é de médio prazo, com previsão de escala significativa nos próximos cinco anos.
Bancos tradicionais avançam em tokenização de ativos, trade finance e soluções de KYC baseadas em DLT. A integração com open banking e parcerias com fintechs ampliam o portfólio de serviços, criando novas frentes de receita e modelos de negócios colaborativos.
Projetos como o Real Digital (Drex) e a Plataforma Pier mostram o interesse regulatório em fomentar um ecossistema seguro e integrado. Apesar da interrupção do Drex em novembro de 2025, aprendizados valiosos servirão de base para futuras iniciativas digitais.
A revolução silenciosa do blockchain nos bancos demanda visão estratégica, colaboração e comprometimento regulatório. Instituições devem investir em capacitação, adotar padrões abertos e criar ambientes controlados de experimentação.
Em última análise, a adoção massiva da tecnologia promete benefícios para toda a sociedade: transações mais rápidas, processos menos onerosos e transparência plena em movimentações. O desafio é coletivo, e o momento de agir é agora.
Referências