O crédito rotativo pode ser uma ferramenta útil em momentos de emergência, mas também representa riscos substanciais se usado sem cautela. Compreender suas regras e limitações é essencial para manter a saúde financeira.
O crédito rotativo é uma modalidade de financiamento que entra em ação quando o cliente não quita o valor total da fatura do cartão de crédito até a data de vencimento. Ao pagar apenas o valor mínimo, o saldo remanescente vai para a próxima fatura e sofre incidência de juros.
Na prática, basta o consumidor optar por esse pagamento mínimo para ativar automaticamente essa linha de crédito, sem precisar de novas aprovações ou análises. Esse mecanismo pode ser vantajoso em situações urgentes, mas o elevado custo torna seu uso prolongado uma armadilha.
Durante anos, as taxas de juros do crédito rotativo se mantiveram entre as mais altas do mercado brasileiro. Essa realidade só começou a mudar com o advento de uma legislação específica, que estabeleceu limites antes inéditos.
Antes de 2023, as instituições financeiras aplicavam juros compostos que podiam ultrapassar os patamares mais elevados do sistema bancário. Veja alguns exemplos:
Com a promulgação da Lei do Desenrola Brasil, foram estabelecidos limites claros para conter os excessos:
– Os juros aplicados sobre o saldo remanescente não podem exceder 100% do valor original da fatura.
– Ao atingir esse teto, uma dívida de R$1.000 não pode ultrapassar R$2.000 mesmo após um ano de inadimplência.
O poder dos juros compostos é assustador quando o saldo rotativo não é regularizado rapidamente. Considere o exemplo:
Mês 1: dívida inicial de R$1.000 no cartão;
Mês 2: saldo chega a R$1.300 com juros do primeiro mês;
Mês 3: valor alcança aproximadamente R$1.690, pois os juros incidem sobre o saldo já acrescido de encargos anteriores.
Em poucos ciclos, sem quitação integral, a conta pode duplicar ou triplicar, gerando um verdadeiro ciclo de dívidas difícil de quebrar.
Para evitar o uso indefinido dessa linha de crédito, a regulamentação impôs restrições:
Apesar dos riscos, essa modalidade apresenta algumas qualidades:
Entretanto, o crédito rotativo carrega riscos que podem comprometer seriamente a vida financeira:
Para aproveitar sua flexibilidade sem cair em armadilhas, considere as seguintes estratégias:
1. Planeje o pagamento da fatura: sempre que possível, quite o total para evitar juros compostos.
2. Use o rotativo apenas em emergências, garantindo que você terá condições de amortizar o saldo em até 30 dias.
3. Se a fatura chegar com saldo remanescente, avalie a proposta de parcelamento do banco, pois geralmente possui juros menores.
4. Mantenha um controle rigoroso das despesas mensais e defina um valor máximo a ser usado nessa modalidade.
5. Aproveite a limitação legal de 100% de juros ao ano como um alerta para não estender o rotativo por muito tempo.
Com disciplina e planejamento, é possível usar o crédito rotativo como um recurso de apoio momentâneo, sem comprometer seu futuro financeiro.
Referências