Você já imaginou o impacto de uma decisão mal informada no universo financeiro? Cada transação, por menor que pareça, faz parte de um mosaico que mantém a integridade dos mercados. Ao compreender o risco de cada cliente, você não está apenas seguindo normas — está protegendo instituições, investidores e a sociedade como um todo.
Neste guia, reunimos conceitos, metodologias e exemplos práticos para que você desenvolva estratégias robustas de compliance. Aqui, o conhecimento técnico se une a uma visão humana, pois toda análise de risco começa com uma pessoa por trás dos números.
O perfil de risco de cliente é uma construção estruturada e dinâmica que classifica a exposição de cada indivíduo ou empresa a potenciais ameaças de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. Essa ferramenta ajusta a intensidade das diligências e orienta o monitoramento contínuo de suas operações.
O trabalho se baseia no princípio da abordagem baseada em risco, previsto em normas como as diretrizes do GAFI e na Circular nº 3.978/2020 do Banco Central do Brasil. Seguir esse princípio não é apenas cumprir requisitos: é elevar seu papel de guardião ético das finanças.
Para construir um perfil completo, avaliamos cinco dimensões centrais. Cada dimensão fornece um olhar específico e complementa o entendimento sobre o comportamento e o histórico do cliente.
Reunir esses elementos em um modelo equilibrado garante que cada cliente receba o nível de atenção adequado, evitando tanto vulnerabilidades quanto custos desnecessários.
Em uma corretora de câmbio, por exemplo, podemos atribuir pesos a cada dimensão:
O processo de cálculo segue três passos: atribuir notas em cada dimensão, multiplicar pelo peso e somar os resultados. O valor final define a classificação de risco do cliente.
Considere o exemplo de Felipe Santoro, analista de tecnologia com renda de R$ 12.000 mensais, que mudou abruptamente sua rotina de compras de moedas estrangeiras.
Risco do Cliente: alto (2 pontos) × 0,30 = 0,60
Risco de País: médio (1 ponto) × 0,20 = 0,20
Score final: 1,20 — classificado como risco alto.
Após calcular o score, definimos a estratégia de due diligence e o regime de revisões. A tabela a seguir apresenta as faixas de corte sugeridas:
Para clientes de risco alto, aplicamos due diligence reforçada:
No caso de risco muito alto, a manutenção do relacionamento depende de decisão de comitê, podendo resultar em recusa ou encerramento da conta.
O KYC, ou Know Your Customer, é a espinha dorsal de qualquer programa de compliance. Ele garante que conheçamos quem está por trás das movimentações financeiras.
Esse ciclo mantém o sistema sempre alerta e adaptável a novos cenários e ameaças.
Mais do que cumprir normas, você se torna um verdadeiro guardião do sistema financeiro. Cada perfil de risco avaliado com cuidado é uma barreira a atividades ilícitas e uma ponte de confiança com clientes que buscam relacionamentos transparentes.
Dominar o perfil de risco do cliente é, portanto, um ato de responsabilidade e solidariedade coletiva. Ao aplicar essas práticas, você contribui para um mercado mais seguro, justo e sustentável.
Agora, cabe a você transformar este conhecimento em ação concreta. Defina processos, capacite sua equipe e faça do compliance um valor estratégico para sua organização. O futuro das finanças depende de profissionais comprometidos e preparados.
Referências