Este artigo explora como a inflação eleva o risco de crédito no Brasil, detalhando causas, efeitos e soluções práticas.
A inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,68% em dezembro de 2025, marcando a primeira vez em oito meses abaixo de 5%, mas ainda acima do teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em novembro anterior, o índice havia acelerado de 4,2% em agosto para 4,9%, mostrando a volatilidade do cenário. As projeções do mercado financeiro agora apontam para 4,43% em 2025, mas as expectativas de inflação para 18 meses continuam acima da meta.
A taxa Selic, principal instrumento do Banco Central para conter a inflação, está em 15% ao ano, maior patamar em quase 20 anos. Este nível elevado visa frear a demanda e arrefecer a atividade econômica.
Na última reunião do Copom, a Selic foi mantida pelo terceiro encontro consecutivo, embora o colegiado não descarte novos aumentos caso o quadro inflacionário se agrave.
Em comparação global, o Brasil contrasta com economias como Estados Unidos e Japão, que operam com dívidas mais elevadas, mas homologam juros significativamente menores.
O Banco Central identificou uma deterioração expressiva nos indicadores de risco de crédito, afetando famílias e empresas de todos os portes.
O financiamento à economia real segue em desaceleração, alinhado às condições financeiras mais restritivas e à moderação no ritmo de crescimento do PIB.
A Pesquisa Febraban 2025 projeta que o processo de desaceleração do crédito se intensificará ao longo do ano, impulsionado pela política monetária contracionista, alta inadimplência e impacto do aumento do IOF.
As taxas de inadimplência das famílias registraram aumentos consecutivos em 2025, refletindo a pressão sobre as finanças domésticas.
O Banco Central alerta para a necessidade de prudência na qualidade das contratações, dado o comprometimento de renda das famílias e o endividamento de micro e pequenas empresas.
O elevação do IOF torna o crédito mais caro, especialmente para empresas menores que dependem do crédito bancário e não têm acesso fácil ao mercado de capitais.
A Febraban estima um aumento de 14,5% a 40% no custo efetivo total em taxas de juros de curto prazo, equiparando-se a um acréscimo de 25 a 50 pontos-base na Selic, segundo analistas da XP.
Desde 2020, o crédito empresarial reage mais rapidamente às variações da Selic, enquanto o consumo das famílias se mostra menos sensível, contrariando expectativas.
Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro, mas bancos e tomadores tendem a buscar modalidades seguras, o que pode elevar a participação de operações com taxas estáveis no total de concessões.
Apesar da deterioração nos indicadores de crédito, o sistema financeiro nacional permanece sólido, com banqueiros bem provisionados e balanços robustos para enfrentar choques.
A Medida Provisória 1.303/2025 estimulou a procura por ativos isentos de IOF, comprimindo spreads e oferecendo opções de financiamento menos onerosas.
Linhas de crédito alternativas, especialmente para produtores rurais e projetos de infraestrutura, podem compensar parcialmente os custos mais elevados do sistema bancário tradicional.
Em um cenário de inflação elevada e aperto de crédito, gestores e tomadores podem adotar estratégias para reduzir riscos e manter a saúde financeira:
Além disso, promover a educação financeira, tanto para famílias quanto para pequenos empresários, fortalece a resiliência diante de choques externos.
O Brasil conta com um sistema financeiro robusto e inovador, capaz de adaptar-se a desafios. Ao unir gestão prudente de risco e iniciativas colaborativas, é possível atravessar este momento de inflação elevada, preservando a qualidade do crédito e incentivando o crescimento econômico sustentável.
Com liderança eficaz das instituições, soluções regulatórias criativas e cultura de governança, o país pode transformar adversidades em oportunidades para um mercado de crédito mais sólido e inclusivo.
Referências